Rodrigo Valente, médio ofensivo de 2001 iniciou o seu percurso na Associação Desportiva da Freguesia de Anta e representa há vários anos a formação do Futebol Clube do Porto sendo uma referência podendo estar próxima a estreia na equipa principal.
Iniciou o percurso na Associação Desportiva da Freguesia de Anta. Como surgiu a paixão pelo futebol?
Para ser sincero, não entrei no futebol pela paixão porque entrei com 3 anos, os meus pais colocaram-me apenas para gastar as energias para não chegar a casa e andar a correr de um lado para o outro (risos), mas quando entrei, foi um estilo de amor à primeira vista, nunca mais quis sair.
“Tinha lá os meus amigos e o meu irmão também jogava la, era tudo perfeito. Estava no meu porto seguro.”
Chegou ao Futebol Clube do Porto com 9 anos, como foi ir tão novo para um clube com uma dimensão internacional? Que experiência recorda para sempre?
Acredite ou não, eu não queria de todo sair do Anta/Baixinhos. Tinha lá os meus amigos, os meus pais tinham lá os amigos dele, o meu irmão também jogava la, era tudo perfeito. Estava no meu porto seguro.
No entanto, o meu pai decidiu mesmo andar com a decisão para a frente e acabei por assinar, fui com um dos meus melhores amigos (Nuno Lima) e então não foi tao difícil. Não digo que ao princípio não foi difícil, mas acabou por ser a melhor decisão da minha vida.
Uma experiência? Olhe a experiência que lhe vou contar não foi lá muito positiva mas foi aquela que mais me ficou marcada pois a partir daí, prometi a mim mesmo que ia dar tudo de mim e foi quando saiu a primeira convocatória de um jogo enquanto estava no Porto, foram quase todos convocados, só 3 é que não foram e eu fui um deles, passei o dia todo a chorar, custou-me muito mesmo! Mas foi a partir daí que mudei a minha maneira de pensar e acabei por ter muitas felicidades graças a esse acontecimento
Em 2014/2015, participou no Torneio Lopes da Silva. Como foi a tua experiência? O que o marcou?
Olhe esse torneio, foi onde nunca pensei em ir. Não pensei em ir pois tinha ido só 1/2 vezes à seleção distrital num ou outro treino. Por isso nunca tive grandes expectativas em relação a isso. Fui a última semana, antes do torneio Lopes da Silva, nem contava ser convocado pois estava lá há muito pouco tempo mas quando recebi essa notícia, tanto eu como os meus pais explodimos de alegria pois ia representar a seleção do Porto e ia jogar contra os melhores dos outros distritos!
Foi um dos melhores torneios de sempre, aproveitei ao máximo, tínhamos um grupo incrível, íamos quase todos os dias para a piscina do hotel, chegamos a ir ao Aquashow e tudo (risos) fiz amizades para a vida, joguei contra os melhores, diverti-me todos os dias e a cereja no topo do bolo…ganhamos o torneio contra a seleção de Lisboa que digo-lhe já, uma seleção que metia medo, mas graças ao nosso espírito de grupo e entrega, conseguimos ganhar.
“Ouvir toda a gente a cantar comigo, a minha família, foi sem dúvida um momento comovente”
Representou a seleção nacional nos vários escalões, qual o sentimento de cantar o hino e jogar de quinas ao peito?
É um sonho! Todos os jogadores têm vários sonhos pessoais e acredito que entre esses sonhos, está representar a seleção portuguesa. A primeira vez que cantei o hino português foi comovente, senti-me orgulhoso de mim mesmo, ouvir toda a gente a cantar comigo, ver os meus pais, o meu irmão, os meus avós ali a cantar comigo, foi sem dúvida um momento comovente. Se cantar já é um motivo de orgulho e felicidade imagine jogar….jogar com outros colegas diferentes ao teu lado, jogar contra os melhores de outros países, é sem dúvida alguma um motivo de alegria, motivação e orgulho!
Em 2019 foi campeão da UEFA YOUTH LEAGUE, o que representou para si esse momento?
Ser campeão da UEFA YOUTH LEAGUE foi o momento da minha vida. Aquele momento que recordo com mais felicidade e mais orgulho. O que senti quando o árbitro apitou no final do jogo foi inexplicável. Não há palavras!
Já jogou com vários jogadores que estão ou já passaram pela equipa principal do Futebol Clube do Porto, como Vítor Ferreira, Fábio Vieira, Diogo Dalot, Diogo Costa ou Fábio Silva. Tendo em conta que já treinou com a equipa principal sente que a estreia pode estar próxima?
Trabalho todos os dias para isso, é o meu objetivo e é por isso que dou em todos os treinos e jogos a vida para isso. É uma coisa que sonho mas não sou obcecado por isso, sei que se continuar a trabalhar, a dar tudo de mim, vai acabar por chegar o momento, seja amanhã ou daqui a 1,2,3 anos. Pensar no presente para o futuro ser risonho, é o que penso todos os dias
Qual o pior momento da sua carreira até aqui? Qual o conselho que daria para que outro no teu lugar o superasse?
Como em todas as profissões há situações que quando acontecem, nos deixam mesmo em baixo e na minha opinião, o pior que pode acontecer no futebol nem é perder, é lesionar-se. Quando um jogador se lesiona e é obrigado a parar de fazer aquilo que mais gosta é difícil. Sim, é difícil perder, não digo que não é, porque já perdi um campeonato contra o Benfica, no último jogo de campeonato. Se custou? Custou muito mesmo (risos)
Mas também já fui obrigado a parar algumas vezes devido a lesões, principalmente entorses e digo que é muito mau. Tive que aguentar durante alguns meses, e hoje em dia acontece-me também mas uma coisa que aprendi é que azares acontece a todos e não nos podemos agarrar a esse azar! Temos que aceitar que nos aconteceu e trabalhar para que isso nunca mais aconteça.
Quem é o teu maior ídolo?
Ídolos? Tenho vários (risos)! Quando era mais pequeno inspirava-me muito no Lucho González, no João Moutinho. Com o passar do tempo comecei a inspirar-me muito no Iniesta.
O que é para ti o futebol?
Para mim o futebol é a minha vida. Abdiquei de muita coisa para isto e irei continuar a fazê-lo porque sou feliz a fazer isto.
Quem mais te dá apoio nesta caminhada?
Sem dúvida que quem me deu mais apoio foi a minha família e com família falo em amigos também.
O que gostarias de fazer no futuro se não fosses jogador de futebol?
Já quis ser engenheiro mecânico, sei que é difícil de imaginar mas já me imaginei muito nessa área, tive esse sonho durante alguns anos, neste momento, gostaria de ser gestor de empresas. Mesmo no final da minha careira, gostava de entrar nessa ramo.
PALMARÉS
- Torneio do Algarve SUB18
- UEFA YOUTH LEAGUE
- Campeonato Nacional Juniores 1ª Divisão
- Estreia pela equipa B enquanto júnior (11/08/2019)